segunda-feira, 2 de abril de 2018

Irmão Mais Velho...Privilégios e Dificuldades


Mamãe a chegada do mano Gui mexeu muito comigo, no Batizado dele eu me senti perdido e confuso, antes eu era o centro das atenções, mas naquele momento as atenções foram todas para o Gui, embora, como os irmão mais velho, eu possa:
  • Ser mais inteligente 
  • Ser mais responsável 
  • Ter mais sucesso 
  • Seguir mais as regras 
  • Ser mais consciente 
  • Ser um pouco super-herói, embora alguns digam (com razão) que às vezes também possa ser super-vilão. 

Esta posição especial de ser o primeiro filho costuma trazer consigo diversos privilégios, mas também uma boa quantidade dificuldades adicionadas. os pais aprendem, muitas vezes através da tentativa e do erro, a árdua tarefa da criação, e com o primogênito os menores também aprendem a “ser grandes”.Abrir o caminho para os que me seguem em idade. São os irmãos mais velhos que têm que ir pela primeira vez, sozinhos, à escola. Assim, dirão aos outros como enfrentar o primeiro dia ou estarão atentos para salvá-los de qualquer risco se estiverem no mesmo centro educativo. São os que ensinam os menores a melhor maneira de brincar ou fazer uma trança perfeita no cabelo. Eles marcam o caminho.“O primeiro que nasce em toda família sempre está sonhando com um irmão ou irmã imaginária que cuide dele”.-Bill Cosby- O comum é que o irmão mais velho se transforme em uma espécie de prolongamento da figura materna e paterna, tudo de uma vez. Eles são, de alguma maneira, os responsáveis quando os pais não estão. No entanto, como não são nem um nem outro, também terminam sendo amigos afetuosos e companheiros de “delitos” e aventuras.Ser um exemplo para o mais novo e cuidador do mais novo. Isso, em palavras mais diretas, significa que serei vigiado mais de perto e haverá menos tolerância com as minhas ações. É o irmão mais velho quem deve enfrentar os riscos, antes que os demais. É também o que obrigam a acompanhar os outros para cuidar deles e, até certo ponto, responder por eles. Isso varia de família para família, mas em muitas os pais tendem a fazer com que o mais velho assuma parte de suas responsabilidades de criação. Isso dá uma autoridade especial aos irmãos mais velhos, mas também lhes injeta pressão e, às vezes, angústia. Um irmão mais velho que se sente sobrecarregado de responsabilidades ou injustamente tratado em comparação com os demais pode desenvolver diferentes problemas de personalidades. Ele pode descontar nos menores a carga excessiva que leva em seus ombros, ou, se tem medo de seus pais, lutará para anular a si mesmo antes de prejudicar o cuidado de seus irmãos. Desenvolver um medo de quebrar as regras. Especialmente quando os pais relembram de forma frequente que eles são os encarregados de fazer com que elas sejam cumpridas. Por isso tendem a ser, artificialmente, mais conservadores e a amadurecer mais rápido. Por outro lado, não cumprir com uma responsabilidade que eles assumiram ou que alguém lhes encomendou pode gerar uma forte dose de culpa. Além disso, assim como os pais lhes dão mais responsabilidades, também deveriam premiá-los mais por cumpri-las.
Os irmãos mais velho são únicos, pelas seguintes realidades:
  • Até em uma idade mais avançada, os outros irmãos esperam que se comportem como tutores ou protetores. 
  • Têm que aprender a renunciar a brinquedos, liberdades e capricho em função de seus irmãos mais novos. 
  • Têm dificuldade para entender que os mais novos ganhem um jogo ou alcancem um avanço antes deles. 
  • Sabem, muito no fundo, que foram a cobaia em vários experimentos falidos de seus pais. 
  • Dão a si mesmos o direito de martirizar os menores, mas jamais permitiriam que um estranho fizesse isso. 
  • Fazem alarde para os menores sobre os direitos que vão adquirindo quando entram na adolescência. 
Os irmãos mais velhos mereceriam que os mais novos lhes dissessem “Obrigado” do fundo do coração: Eles reduziram o perigo para os irmão mais novos e ofereceram uma tábua de salvação em diversos momentos da infância. Foi a eles que os irmãos mais novos puderam confessar um erro grave e serviram como ponte para falar com os pais. Defenderam, cuidaram e acalmaram. São, sem dúvida alguma, um dos pilares apoiados nos quais os irmãos mais novos puderam crescer.
Ser irmão velho mais velho é mesmo difícil. A todo momento tem alguém chamando a atenção em virtude do mais novo, ou cobrando dele um comportamento de um adulto, quando na verdade ele é apenas uma criança, tão criança a ponto de desobedecer, de chorar, de querer colo. Quantas vezes são cobrados para ter mais responsabilidade do que de fato ele consegue ter:
  • Não, chora, você já é um mocinho. Gente, nada pior do que ter alguém mandando você engolir algo que você precisa desesperadamente por pra fora. Claro que no caso das crianças, o choro é muito mais frequente, pela impossibilidade de se fazer entender. 
  • Não faça bagunça, você já cresceu demais para isso. Traduzindo: olha, veja seu irmão mais novo pular no sofá, correr pela casa, pintar as paredes, enquanto você triste olha sem poder brincar. Mas não fique frustrado, você já é um mocinho. 
  • Você é o irmão mais velho, precisa dar o exemplo. Quem precisa dar o exemplo são os pais, e se eles de fato o fizerem corretamente, não precisarão pedir a um filho, para que ele seja o que ele não é, só para que o menor tenha em quem se espelhar. No final, não vai dar certo, pois os filhos copiam mesmo os pais. É natural que a gente queira filhos mais independentes a medida que eles crescem. Claro que o choro vai diminuir, ele vai aprender a dormir sozinho, vai fazer menos bagunça, vai se comportar quando for preciso, vai obedecer quando for chamado a atenção. 

É muito difícil ser o irmão mais velho: É o primeiro filho da família, aquele que desbravou todos os caminhos. Foi envolvido por todo o tipo de cuidado especial que se dedica a um filho sendo pai/mãe de primeira viagem. Ele dá cabeçadas, sofre um bocado e passa todos os perrengues. É nele que a mãe se apoia para sentir que realmente virou mãe. Ela não sabe diferenciar se o choro é de dor de barriga, fome, sono ou mal estar por isso tenta todos os métodos. Isso causa um impacto perpétuo na vida da criança ela terá sempre aquele bichinho da responsabilidade para sempre. Quando vê o irmão nascer ele precisa administrar o sentimento de amor pela criança adorável e o ódio por não ser o alvo de amor exclusivo que tinha. A compreensão dos pais é essencial, mas isso não significa perder o controle sobre o filho mais velho. Shirley Santos, psicóloga do Centro Pediátrico da Lagoa, é enfática ao defender o pulso firme. “Caso aconteça uma agressão de fato, a mãe e o pai devem explicar com firmeza que tal comportamento não será admitido. Há insegurança, sim, porém esse sentimento, até certo ponto, pode ser um bom exercício para a criança aprender a se relacionar com a frustração, que faz parte da vida”. Veronika complementa: “Impor castigos não físicos, privá-lo de brinquedos ou levá-lo para um local onde ele reflita sobre o evento são medidas que os pais podem tomar. Essa dinâmica resulta em sucesso quando, na sequência, há um diálogo sobre o porquê do castigo e o reforço de que o amor permanece o mesmo. É preciso deixar claro para a criança que suas ações levam à rejeição, não sua pessoa.” Uma situação que pode acontecer é a regressão do primogênito: Ele quer biberão, chupeta, pode apresentar enurese noturna. Para isso passar, deve-se que agir com ele como antes, de acordo com a idade dele, e fazê-lo perceber que continuava sendo especial para a mamãe e o papai. Os psicólogos afirmam que essa fase é superada naturalmente, com diálogo e compreensão, “o sentimento de insegurança é minimizado quando fica claro que o “posto de primogênito” não está ameaçado”. Além de reafirmar o espaço do irmão mais velho, deve fazer com que a rotina do primogênito seja alterada o mínimo possível. 
Dicas para evitar atritos entre o primogênito e o bebê
- Durante a gestação, estimule o primogênito a tocar sua barriga e demonstre carinho por essa interação entre ele e o filho que ainda nascerá.
- Inclua o mais velho na preparação para a chegada do bebê: mostre as roupinhas quando começar a montar o enxoval e peça a opinião dele em relação aos objetos do quarto, por exemplo.
- Diga que precisará de sua ajuda nos cuidados com o caçula, que será pequenininho e necessitará de atenção, assim como aconteceu com ele quando era recém-nascido.
- Reforce que gosta da fase mais avançada pela qual ele passa, que é uma vantagem poder contar com uma criança com suas qualidades nesse momento de mudança.
- Seja tolerante com as possíveis reações negativas, mas sem perder o controle da situação.
- Mantenha atividades e brincadeiras para serem feitas exclusivamente com o filho mais velho. O espaço dele dentro da rotina da família deve ser preservado.
- Evite mudanças significativas, como troca de escola e retirada de chupeta, mamadeira ou fralda.
- Elogie atitudes positivas.
A Parábola do Filho Pródigo (Lucas 15: 11-32): Nesse contexto o pai faz uma festa para o filho mais novo que o tinha deixado mas estava voltando para casa e o irmão mais velho cheio egoísmo e inveja do irmão mais novo critica o seu pai. Isso deixa claro os sentimentos que ás vezes se passa na cabeça dos irmãos mais velhos, e muitas vezes eles não falam.

Pesquisas mostram que irmãos mais velhos têm capacidade de desenvolver muito mais suas habilidades cognitivas. A maioria esmagadora dos presidentes americanos e ganhadores do prêmio Nobel eram primogênitos, assim como 21 dos 23 primeiros astronautas da NASA. Outras pesquisas ainda indicam que filhos mais velhos, em sua maioria, possuem traços da personalidade como seriedade e responsabilidade, mais sensíveis a regras e expectativa dos pais, e têm tendência a assumir cargos de liderança.

Nesse sentido o importante aqui é que os pais busquem reforçar essas características positivas de ser irmão mais velho. E a pergunta é como fazer isso? Os pais se veem sem saber o que fazer, como lidar com isso, como cuidar dos filhos demostrando a sua importância. A primeira coisa a se fazer é falar com os filhos do amor que sentem por eles, e depois demonstrar esse amor. O filho mais velho, geralmente é o mais cobrado então é necessário ter um momento com ele em que não haverá cobrança demasiadamente, ter um momento só dos pais e o mais velho sem dúvida vai ajudá-lo a romper com essa síndrome. O segundo passo é reforçar as qualidades dos seus filhos, no caso do mais velho, falar para ele o quanto ele é bom em alguma coisa que realmente é bom. E por último os pais devem, sempre que possível ter um momento em família, um almoço junto com todos os filhos, passear para algum lugar, ir no parque, enfim é necessário promover o amor e a interação entre todos da família.

Nos atuais dias em que a família não está sendo valorizada, os pais tem a responsabilidade em suas mãos de criar seus filhos para que, no futuro, essa semente plantada venha germinar e dar frutos.

Quando a rivalidade ou o Ciúmes do irmão mais velho para com o irmão mais novo não for percebida e devidamente resolvida pode virar uma psicopatologia, a chamada

Síndrome de Caim (Caim, um personagem Bíblico matou Abel, seu irmão mais novo)
O psiquiatra bávaro Wilhelm Schröder realizou, durante sua carreira, extraordinários avanços na área de psicopatologias. Foi um dos assistentes de Otto Loewi para a sintetização da acetilcolina, viajou por toda a Europa catalogando as patologias psiquiátricas e foi o primeiro a identificar a Síndrome de Caim, ao analisar mais de setecentos casos de fratricídio.
As características mais evidentes da Síndrome, segundo consta na obra que trouxe notoriedade a Schröder, Kompendium der Psychopathologie, são:

a) Extrema rivalidade entre irmãos, de ambos os sexos, em busca de aprovação duma terceira parte: pai, mãe, grupo social, comunidade, amigos;
b) O primogênito ou irmão mais velho apresenta distúrbios comportamentais, geralmente de natureza agressiva e/ou destrutiva;
c) Por ser uma psicopatologia de difícil identificação, ainda mais tendo-se em conta a natural inclinação da prole em disputar o afeto dos progenitores, só se constata a gravidade dela após animosidade (violência física ou verbal) entre irmãos ou, nos casos mais extremos, fatricídio, sendo o irmão mais novo objeto da agressão;
d) Natureza crônica, comumente desenvolvida durante anos ou décadas de convivência conflituosa.

Lembrem-se, antes de eu ser o irmão mais velho, sou uma criança, uma doce criança aprendendo a dividir atenção, carinho, tempo e muito mais dos pais e da família.


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