quinta-feira, 18 de julho de 2013

Hemorragia do 3º trimestre

Borboletas

As complicações da gravidez no III trimestre
Durante o terceiro trimestre os sinais aos quais se deve prestar a máxima atenção são as hemorragias. Nestes casos é necessário agir atempadamente.As perdas de sangue, ainda que sejam mínimas, podem ser devidas a um placenta prévia, ou seja, inserida abaixo do normal, ou a um descolamento da placenta inserida normalmente (hematoma retroplacentar). 
A ecografia pode estabelecer a origem do sangramento. 
O hematoma placentar encontra-se entre a placenta e a parede uterina. As causas do descolamento podem ser: 

  • Um aumento imprevisto da pressão arterial; 

  • O hidramnios, o seja uma quantidade excessiva de liquido amniótico;

  • Uma gravidez múltipla;

  • Um útero com contractilidade exuberante;

  • Uso de drogas, substâncias estupefacientes e tabaco;

  • Causas ainda desconhecidas.
O hematoma retroplacentar pode-se formar tanto nos últimos meses de gravidez como no trabalho de parto. Os sinais que podem levantar a suspeita de um descolamento da placenta são:

  • Dores violentas;

  • Útero muito contraído, sem relaxar;

  • Perdas de sangue
Na presença de tais sintomas deve-se dirigir imediatamente à unidade de obstétricia: é possível proceder rapidamente ao parto. Na maioria dos casos procede-se a uma cesariana que garante à criança boas probabilidades de um nascimento em boa saúde. No entanto, quando a hemorragia é importante ou o descolamento da placenta é completo a mãe e o feto estão em perigo de vida.
As características do hematoma retroplacentar que o diferenciam de uma hemorragia externa que pode ser pouco exuberante;

    • A hemorragia apresenta com frequência sangue escuro;

    • Uma dor uterina muito intensa;
    • Um útero contraído sem pausas de relaxamento.
http://www.prenatal.pt/prenatal/pt/articles/2009/08/article_701.html
Protocolo de condutas do Hospital São Luiz

Hemorragias do terceiro trimestre

Drs. Maurício Waissman e Fúlvio Basso Filho

As hemorragias representam importante causa de mortalidade materna não só no Brasil como também em países desenvolvidos. Seu diagnóstico preciso acompanhado de hospitalização e terapêuticas de transfusões sanguíneas vêem melhorando o prognostico nessas circunstâncias.

As principais patologias causadoras de hemorragias do terceiro trimestre são:
    • Placenta Prévia

    •  Descolamento Prematuro de Placenta

    • Rotura de seio Marginal

    • Rotura de vasa prévia

    • Lesões cervicais, cervicites, pólipos e ca de colo uterino

    •  Lesões vaginais e vulvares

    Algumas das patologias acima podem ser diagnosticadas apenas com exame físico em consultório ou em pronto socorro.
1. Placenta prévia  => 
É a placenta inserida no segmento inferior do útero. Sua incidência é de 0,3 a 1,75% das gestações. É classificada em:

    • Placenta prévia centro-total: quando a placenta recobre totalmente o orifício interno do colo do útero. 

    • Placenta prévia centro-parcial: quando a placenta recobre parcialmente o orifício interno do colo do útero. 

    • Placenta prévia marginal: quando a borda placentária margeia o orifício interno do colo do útero 
  •      Placenta prévia lateral: Embora implantada no segmento inferior do útero não alcança o orifício interno do colo. 


São fatores etiológicos associados a placenta prévia: idade materna avançada, multiparidade, curetagens repetidas, cirurgias uterinas, cesáreas anteriores, gemelaridade, história pregressa de placenta prévia e tabagismo.

Quadro clínico é caracterizado por: sangramento genital indolor sem causa aparente, de coloração vermelha viva, reincidente e de gravidade progressiva.

Os defeitos da coagulação são excepcionais. A placenta prévia pode estar associada com a placenta acreta, increta e até percreta. 

O diagnóstico é baseado no quadro clínico associado ao exame ultrassonografico pélvico e/ ou transvaginal. 

Deve-se evitar o toque vaginal. Quando realizado exige ambiente onde seja possível realizar uma intervenção de emergência.

Conduta: 

A conduta é definida de acordo com a idade gestacional e condições maternas e fetais.

Gestação pré-termo com sangramento discreto: internação, controle de sinais vitais maternos, controle de sangramento vaginal, controle de vitalidade fetal. Deve-se administrar corticóides entre 28 e 34 semanas ( vide protocolo). 

Gestação pré-termo com hemorragia grave: resolução do parto por cesárea. 

Gestação de termo (36 semanas): resolução do parto por cesárea. 

Nas placentas prévias marginais ou laterais em trabalho de parto e em condições clinicas e hemodinâmicas estáveis a interrupção pode ser via baixa, com rigoroso controle materno e controle de vitalidade fetal.

Em placentas prévias centro totais mesmo com feto morto a interrupções é por cesárea.

Todas essas pacientes exigem cuidados especiais no pós-parto imediato, sendo prudente encaminha-las á Unidade de Terapia Intensiva

2. Descolamento prematuro de placenta => 

É a separação da placenta de sua inserção normal antes da expulsão fetal. 

A incidência é variável de acordo com cada serviço, apresentando uma média de 
1/ 200  partos. 


A etiologia do descolamento prematuro da placenta ainda é desconhecido, mas existem algumas condições associadas com essa patologia tais como: idade materna, multiparidade, síndromes hipertensivas, descompressão uterina abrupta, traumas abdominais externos, tumores uterinos (leiomiomas), malformações uterinas , tabagismo, uso de drogas estupefacientes endovenosas (cocaína), patologias maternas outras que provoquem lesão vascular, trombofilias e antecedentes de descolamento em gestação anterior. 

O quadro clínico é caracterizado por dor súbita e intensa principalmente em localização de fundo uterino. Esse quadro normalmente vem acompanhado de perda sanguínea ( 80% dos casos ). Também a paciente queixa-se de parada da movimentação fetal. Ao exame obstétrico nota-se aumento do tônus uterino (hipertonia), algumas vezes associado a hiperatividade uterina (polissístolia), ao toque a bolsa das águas geralmente é tensa e ainda os batimentos cardíacos fetais são de difícil ausculta ou mesmo podem estar ausentes. Do ponto de vista clínico a paciente pode apresentar sinais de pré-choque ou choque hipovolêmico que às vezes não condizem com a perda sangüínea vaginal. E ainda alguns sinais indiretos de CIVD podem aparecer como petéquias, equimoses e hematomas. 

O diagnóstico é eminentemente clínico. Em algumas circunstâncias o ultra-som pode auxiliar no diagnóstico e a cardiotocografia pode sugerir a presença de descolamento frente a determinados achados. 

Conduta:

Os cuidados vitais maternos devem ser rápidos:

    • Cateterização venosa de acordo com a gravidade utiliza-se cateter periférico ou intracath 

    • Sondagem vesical para avaliação do volume urinário e indiretamente da função renal. 

    • Oxigênio úmido em máscara aberta 

    • Monitorização contínua da pressão arterial, freqüência cardíaca e diurese. 
  •          Avaliação laboratorial da intensidade da anemia através da Hemoglobina e Hematócrito 

    • Avaliação da coagulação: teste de Weiner (formação e dissolução de coágulo), coagulograma completo com plaquetas (plaquetas inferior a 100.000 mm e TTPA elevado são sinais de CIVD), fibrinogênio plasmático (quando menor que 100mg% indica coagulopatia de consumo).

    • Avaliação da função renal : uréia, creatinina e débito urinário ( oligúria quando se observa débito inferior a 25 ml/ hora em 4 horas e/ ou menos de 400 ml em 24 horas ). 
    • Avaliação metabólica e de função respiratória pela gasometria arterial. 

    • Reposição volêmica o mais precoce possível e a medida do necessário com cristalóides, papa de hemácias, plasma fresco, crioprecipitados e plaquetas. 


    Após estes cuidados inicias deve-se decidir quanto à conduta obstétrica:
    Feto vivo maior de 26 semanas, resolução via alta. 
    Feto vivo menor de 26 semanas ou feto morto, após avaliação materna, amniotomia, indução do parto com ocitocina e misoprostol (prostokos) até 2 horas, se não parto cesárea.

Sempre tomar cuidados especiais com o pós-operatório dessas pacientes que podem evoluir com necrose tubular renal aguda e Síndrome de Sheehan (alterações necróticas e isquêmicas da hipófise.

3.Rotura uterina => 

Caracteriza-se pela rotura do segmento uterino, causando uma grave hemorragia interna. 

O diagnóstico é clínico. 

Resolução via alta de imediato.

Referências bibliográficas:

1.Bernáth T., Carvalho MHB, Martinelli S, Kahhale S, Zugaib M. Mortalidade materna: as hemorragias no ciclo grávido-puerperal. Ver. Ginec & Obst. 12(3), 135-41, 2001.

2. Cunningham, FG; Gant, NF; Leveno KJ; Gilstrap III, LC; Hauth JC; Wenstrom KD. Williams Obstetrics. 21 st Edition. McGraw-hill Companies, Obstetrical hemorrhage. 619:69, 2001. 

3. D’Angelo LJ & Irwin LF. Conservative management of placenta previa: a cost-benifit analysis. Am J Obstet Gynecol, 149:320, 1984.

4. Druzin,ML: Packing of lower uterine segment for contol of postcesarean bleeding in instances of placenta previa. Surg Gynecol Obstet 169:543, 1989.

5.Handler AS, Mason ED, Rosenberg DL, Davis FG: the relationship between exposure during pregnancy to cigarette smoking and cocaine use and placenta previa. Am J Obstet Gynecol 170:884, 1994. 

“A partir do terceiro trimestre, o sangramento pode significar problema mais sério como a placenta prévia ou o descolamento prematuro de placenta. A placenta prévia acontece, porque o órgão responsável pela oxigenação e alimentação do feto, se encontra no lugar errado dentro do útero”, esclarece o ginecologista.

Na maioria das vezes, o sangue pode ser notado em pequenas quantidades. É escuro, não vem acompanhado de cólicas ou dores e pode permanecer por vários dias.

“Para controlar o sangramento, a gestante deve usar um absorvente íntimo para monitorar a quantidade e que tipo de sangramento está ocorrendo. Deve evitar duchas vaginais ou relações sexuais durante um sangramento ativo”, orienta o médico.

Nem todos os sangramentos significam risco de vida. Por isso, é importante manter a calma e procurar orientação médica.
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